Questionar nossos objetivos de vida é indispensável para atingirmos nossos sonhos e, talvez, até a felicidade.
ALTRUÍSMO IMPURO.
Dias atrás fui a um evento e no início dele o coordenador da coisa pediu que cada qual se apresentasse. Nisso da apresentação tinha um movimento de cada um dizer qual seu sonho, seu objetivo de vida, ou seja, falar de algo bem pessoal mesmo. Fiquei tabulando os dados e fazendo as minhas estatísticas. No geral o pessoal separava-se em dois grupos. O primeiro dos que buscam a felicidade. O segundo, maior, aqueles cujo sonho é ajudar os outros.
Eu, que topava falar qualquer coisa, só para cumprir tabela, achei melhor dizer que queria ajudar os outros. Bem altruísta, mas só de mentirinha. É que ser feliz pareceu um objetivo fadado à frustração. Não creio que se possa ser feliz sempre. Talvez alguns momentos de felicidade e uma certa satisfação com a vida em geral, mas a felicidade mesma, nem sei do que se trata.
Depois passei o evento todo fazendo parafuso com isso de ajudar os outros como objetivo de vida. Considerando o que pude ler dos que falaram isso, pareceu-me que todos precisavam mesmo é de ajuda. Talvez estejam projetando isso de ajudar os outros. Claro, tem um componente de formação cristão, católico, muito forte.
Tem muita gente com a vida toda bagunçada, mas o cara quer se meter a ajudar os outros. Só faz estrago. Se nem consegue cuidar dos seus assuntos, vai se meter nas pendengas dos outros? Mas é isso que incentivamos. E no fim, quem está com a vida resolvida, com o emocional em dia, não entra nessa não. Cuida mesmo é da sua vida.
Ou talvez os afoitos a ajudar os outros, só queiram mesmo é buscar a felicidade. Ao ajudar alguém se sentem úteis e felizes por uns momentos. Depois é socorrer outro. Não perceberam que a felicidade está dentro deles, na auto aceitação, na realização pessoal.
Você está perguntando se sou contra ajudar alguém? Não sou não. Desde que ele queira ajuda e que depois caminhe sozinho. Pois tem muitos que só querem ficar escorados nos outros e não deslancham nunca. Ainda fazem o discurso de que ninguém os socorre. E ficam na espera.
Não sou contra a solidariedade. Muito a favor aliás. Mas o objetivo de vida de uma pessoa não pode ser a vida de outra pessoa. Precisa ser a sua própria vida, sua evolução. Altruísmo e solidariedade vêm na sequência. Ou seja, primeiro precisamos buscar nosso equilíbrio e daí auxiliar os outros de forma consistente. Isso para que tudo não vire um abraço de carentes, de desajustados. E ainda, ao auxiliar alguém precisamos que este assuma suas responsabilidades, pois tem muitos só esperando que façam por eles. Tem muito folgado por aí se aproveitando dos princípios cristãos.
Deus abençoe.
Áudio: Trabalhos técnicos de Ricardo Lima, Rádio UEL.