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Kaffeeklastch

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Unicamente um modo de distrair a atenção popular. Processo de futilidade e bestialização de pessoas, que não é de hoje.


KAFFEEKLASTCH.*

Há poucos dias a sobrevivente A Voz do Brasil levou a público a história de um mecânico. Ele amargou uma queda na procura por seus serviços durante a pandemia. Exemplo de brasileiro “que não desiste nunca”, ao invés de sentar e chorar, aprendeu a utilizar as mídias sociais.

Então o mecânico diz que, no dias atuais, 90% da sua clientela nova vem do tráfego pago.

Esse relato demonstra a importância das mídias na tomada de decisões das pessoas. Evidencia a sua influência no cotidiano, até mesmo na escolha da oficina mecânica.

Foto da Pedra Furada, Parque Nacional do Jalapão, Tocantins.
Pedra Furada, Parque Nacional do Jalapão, TO.

Mas há algum tempo venho monitorando o esforço que as empresas e mesmo as pessoas fazem para se manterem em bons índices na rede. Nesse movimento percebo que muitas têm sucesso, mesmo se não financiam uma campanha de divulgação, por utilizarem-se de postagens bobinhas, mas que obtêm grande adesão, seja em visualizações, seja convertendo seguidores para as suas páginas.

Repare como isso parece ser uma novidade dos nossos tempos.

Contudo, me vem à lembrança um livro já quase centenário, onde Van Paassen, jornalista correspondente de uma dúzia de periódicos americanos na Europa diz, a respeito destas futilidades:

“Esse gênero de reportagem alcançou a sua culminância francamente ridícula em alguns jornais que animavam os seus correspondentes a falarem interminavelmente sobre o estilo de chapéus ou de gravatas que eles usavam, o que diziam as suas mulheres quando eles voltavam do trabalho, ou o dinheiro que lhes forneciam os seus generosos empregadores para os pequenos gastos. Isto era um modo de distrair a atenção popular das mazelas de um sistema que engendra a miséria humana tão naturalmente como o queijo podre cria bichos”.

Ou seja, já 1925 isto que parece ser novidade das mídias sociais, era ferramenta na imprensa. Portanto esse processo de futilidade e bestialização das pessoas não é mesmo invenção de hoje.

Mas o pior é nessa enchente de informações e opiniões, conseguir encontrar algo bom para ler, para ouvir.

E então precisamos nos transformar em garimpeiros. Uma montanha de cascalho para desencavar alguma pepita. Alguma boa ideia.

Mas não vamos desistir: mãos à obra, que alguma pepita há de surgir.

*Kaffeeklastsch, numa tradução livre pode ser entendida como conversa fiada, papinho da hora do café.


Áudio: Trabalhos técnicos de Ricardo Lima – RÁDIO UEL.

Acesse AQUI outro post da Coluna O COTIDIANO.

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