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Antes de ser fake, é mentira.

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Foto de arte em tecido de Reiko Sudo, na exposição Poéticas Têxteis Contemporânes, Casa Japão, São Paulo, SP.

Teria a História algo a ver com a nossa história?


TERIA A HISTÓRIA ALGO A VER COM A NOSSA HISTÓRIA?

Nesses últimos tempos ando vendo acontecer umas coisas que me pareciam novidades. Mas fui me socorrer da História, essa grande destronadora de novidades.

E não é que então encontro tudo num mesmo momento histórico, muito remoto.

Eu explico isso tudinho, bem rápido.

Foto de arte em tecido de Reiko Sudo, na exposição Poéticas Têxteis Contemporânes, Casa Japão, São Paulo, SP.
Foto de arte em tecido de Reiko Sudo, na exposição Poéticas Têxteis Contemporânes, Casa Japão, São Paulo, SP.

Primeiro o que me incomoda é virar moda isso de um fulano ser eleito pelo povo para governar algo e dizer que é o escolhido, o ungido por Deus. Por segundo, essa coisa que até no nome tem cara de novidade: as fake news. Evidente que todos sabem que a tradução deste termo é mentira.

Claro, não preciso ficar papagaiando sobre isso pra você, que deve até saber muito mais do que eu.

Então vamos ver o que encontramos na História. Trata-se de um fato ocorrido há mais de quinhentos anos; mais de cinco séculos antes do nascimento de Cristo. Ou seja, são dois mil e quinhentos anos atrás. Foi quando os Persas, o povo do atual Irã, estava dominando o mundo que se conhecia.

O guerreiro Ciro conquistou a Babilônia, que era o que tinha de melhor na época. Então o tal se gabava de estar entrando na cidade conquistada, a convite explícito dos deuses da Babilônia. Mandou arrumar os templos, dar um tira pó nas estátuas e tal.

Foi adulando o povo com a religião; já que ele era o escolhido dos deuses.

Esse é só um exemplo. Escolhi ele porque me parece muito peculiar os deuses de um povo convidarem explicitamente, um invasor para dominar seu povo. E tem povo que acredita viu.

Então agora vamos para as fake news. Mas sem sair da Babilônia, que naquele tempo, viajar era custoso.

Dario, sucessor de Ciro, disse que aqueles que tentavam tomar seu poder eram mentirosos. O mesmo ocorreria com os povos inimigos. Pior, eles não atentavam somente contra o império persa, mas também contra o ordem cósmica. A Ordem. Hoje diríamos: contra a Ordem e o Progresso.

Essa afirmação fazia sentido porque em persa, verdade era a palavra também utilizada para definir a estabilidade do universo. Por outro lado, a treva que ameaçava o império era chamada de drauga. O que era sinônimo de mentira.

Então, veja que já naquele tempo o governante vislumbrou uma vulnerabilidade do povo à mentira. No caso Ciro se arvorou como defensor da verdade. Mas também – se soubesse inglês – poderia ter inventado as fake news, para utilizar a seu favor.

Tá, não precisa fazer beicinho. Vou concordar com você. A História não tem nada a ver com a nossa história. É só delírio meu. Afinal, tem umas coisas que é melhor nem entrar numas de discutir.


Áudio: Trabalhos técnicos de Ricardo Lima – RÁDIO UEL.

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Sugestão de Leitura: Domínio de Tom Holland.
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