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Ao martelar do badalo.

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Um passo do Tempo, a cada toque do sino.

Nilson Giraldi


AO MARTELAR DO BADALO.

Passei a vida projetando uma casa. Contudo, a sua construção fui protelando até que o projeto estivesse finalizado. Nunca esteve. Mas um dia coloquei-me a concretizá-la.

Paredes firmes, de concreto; a estrutura descansando segura sobre uma fundação de cimento, areia e pedra. Claro, tudo recheado de barras de ferro.

Ao terminar, embora feliz com o resultado, incomodava-me aquela rigidez toda. Pois algo me remetia a um sentido de permanência, de durabilidade.

Então, finalizada a obra, fiquei roendo esse incomodo e rodeando a casa. Até o dia em que instalei um sino ao lado da porta principal.

As pessoas pensam que o sino faz as vezes de campainha. Outros acreditam que seja para avisar que a comida está à mesa. Até fazem isso de quando em quando. Mas o objetivo, até agora secreto, é bem outro.

Instalei o sino pensando que cada badalada serve mesmo é para lembrar da passagem do tempo.

Quando menino, eu morei próximo à igreja Luterana. No alto da torre um sino badalava pelas mãos do seu João, às seis da matina e às 18 horas. Portanto, abria e fechava o dia.

Assim, o meu sino serve para lembrar que, embora tudo pareça tão perene, a casa acaba por durar mais do que o morador. E olhe que as construções não deveriam durar mais do que aquele que as construiu.

Portanto, ao menos para mim, cada badalada é um grito do escoar do tempo a lembrar-me que estamos marchando rumo a algo; ou a coisa alguma.


Áudio: Trabalhos técnicos de Ricardo Lima – RÁDIO UEL.

Acesse outro post da coluna O COTIDIANO.

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