As linhas do algoritmo

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Foto da obra Interlúdio, Aya Studio x Wesley Lee, 2019. Instalação fotografada no Farol Santander em set.19, São Paulo, SP.

Aos poucos a tecnologia vai nos substituindo, nos tornando obsoletos, desnecessários. Mas gosto, ou não gosto da ideia?


AS LINHAS DO ALGORITMO.

Quando vou escrever algo, sempre procuro ficar atento às normas gramaticais, às questões de acentuação, de pontuação. Ah! as vírgulas. Às vezes sobram, às vezes faltam.

Mas ultimamente, pego a escrever no computador e nem dou mais atenção a isto tudo.

Bem, não foi assim de uma vez, pois a coisa foi ocorrendo aos poucos.

No início foram as maiúsculas no início das frases. Eu escrevo com minúsculas mesmo e o computador corrige. Logo depois foi o til no não. Sempre que coloco um ene, seguido do ditongo ao; pronto, o computador coloca o til. E então, fácil, não é?

Foto da obra Interlúdio, Aya Studio x Wesley Lee, 2019. Instalação fotografada no Farol Santander em set.19, São Paulo, SP.
Foto da obra Interlúdio, Aya Studio x Wesley Lee, 2019. Instalação fotografada no Farol Santander em set.19, São Paulo, SP.
Igualmente, parei de acentuar todas as palavras.

Fui viciando nisto. Até me livrei da escravidão da crase. Ô coisinha que incomoda. Apesar de que são só algumas regrinhas para a crase.

Fácil, mas de operação difícil. Preciso usar as duas mãos pra digitar uma crase. A direita aperta o shift e a esquerda pressiona a tecla da crase. Atrapalhação! Pois deixo sempre sem, e depois o corretor ortográfico acerta.

Até aí tudo bem. Contudo, depois de tantos anos usando quase que exclusivamente o redator de textos do computador, estou me dando conta de que não tenho mais tanta segurança ao escrever. Já não lembro mais das regras gramaticais. Fica difícil puxar pela memória se aqui vai ou não vai crase.

Mas fica mais fácil abrir uma página em branco no redator e digitar a frase. Aí espero um milésimo de segundo pra que o programa aprova ou não.

Qual o problema? É só que não sei se isto é bom ou ruim. Afinal, logo nem serei eu a escrever. Apenas coloco algumas palavras chaves e a tal inteligência artificial prepara um texto com base no que já escrevi ou em textos que eu recomendar. Dou uma revisada final e está feito. Já temos essa tecnologia solta por aí.

Mas já não estarei mais dialogando com você. Portanto, serão você e algum algoritmo. 

Só fica faltando um sintetizador para dar voz à narrativa.

Por fim, poderei ir morar numa montanha sem computadores, sem energia elétrica.

Hum…. tentador, vou pensar nisto.

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Áudio: Trabalhos técnicos e paisagem sonora de Elias Vergennes Rádio UEL.

Acesse AQUI outro post da Coluna O COTIDIANO.

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