Ao mudar o ano no calendário, estabelecemos uma série de planos. Ou alguém o faz por nós.
DESEJOS PRO ANO NOVO.
Uns anos atrás participei da tradicional festa Alasita na Bolívia. Esta é uma festa que ocorre no dia 24 de janeiro com comidas e artesanato. Além disso há uma coisa inusitada. Você pode comprar uma variedade de miniaturas de casa, de diploma universitário, de dinheiro, de carros, por exemplo. Portanto, a ideia é a pessoa adquirir uma miniatura daquilo que deseja conquistar no ano que inicia.
No resumo, é uma espécie de ritual onde fica claro para você e para os seus, que sonho você se propõe a realizar.
Você já fez isso, não fez? Final de ano e colocamos na mesa todas as frustrações, as não realizações. E naquele pequeno espaço de alguns dias antes de virar o calendário, acreditamos que tudo será diferente. Estamos tão convencidos que até fazemos os planos pro ano seguinte.
O ano novo já está rodando, tomando ranços de ano velho e vejo que no final do ano passado não fiz a tradicional lista de sonhos que desejo realizar.
Então fui consultar alguns amigos e constato que nenhum deles traçou estes objetivos para o ano novo. Bom, já não sou eu apenas; certamente isso serve de consolo.
Talvez não tenhamos sonhos porque não queremos sair da nossa zona de conforto.
Mas precisamos deixar claro o que queremos conquistar. Senão, seguramente vamos acabar adotando como nossos os sonhos que nos apresentarem. Então vamos transformar em nossos desejos uma porção de objetos que o mercado vai dizer que estamos querendo. Como se estivéssemos precisando urgentemente.
Quando nos dermos conta, teremos adquirido uma montanha de porcarias que não conseguem preencher nossos vazios e nos sentiremos frustrados.
Mas não podemos trocar nossos sonhos por coisas. Pois objetos não têm a capacidade de realizar-nos.
Precisamos nos propor a melhores sentimentos, melhores relacionamentos. Pensamentos mais produtivos. Aí corremos o risco de ao final do ano, ao invés de contemplar frustrados uma miniatura sobre a mesa, gozarmos de amizades melhores, de sentimentos mais leves, de encontrarmos a Paz.
Finalmente, é este o meu sonho, terminar o ano em Paz. Só isso.
E o seu? Diz aí.
Áudio: Trabalhos técnicos de Ricardo Lima – RÁDIO UEL.