Desejos pro ano novo.

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Ao mudar o ano no calendário, estabelecemos uma série de planos. Ou alguém o faz por nós.


DESEJOS PRO ANO NOVO.

Uns anos atrás participei da tradicional festa Alasita na Bolívia. Esta é uma festa que ocorre no dia 24 de janeiro com comidas e artesanato. Além disso há uma coisa inusitada. Você pode comprar uma variedade de miniaturas de casa, de diploma universitário, de dinheiro, de carros, por exemplo. Portanto, a ideia é a pessoa adquirir uma miniatura daquilo que deseja conquistar no ano que inicia.

No resumo, é uma espécie de ritual onde fica claro para você e para os seus, que sonho você se propõe a realizar.

Você já fez isso, não fez? Final de ano e colocamos na mesa todas as frustrações, as não realizações. E naquele pequeno espaço de alguns dias antes de virar o calendário, acreditamos que tudo será diferente. Estamos tão convencidos que até fazemos os planos pro ano seguinte.

Foto de Ikebana de Tokuko Kawamura.
De Tokuko Kawamura na exposição de Ikebanas
Casa Japão, SP, out 2019.

O ano novo já está rodando, tomando ranços de ano velho e vejo que no final do ano passado não fiz a tradicional lista de sonhos que desejo realizar.

Então fui consultar alguns amigos e constato que nenhum deles traçou estes objetivos para o ano novo. Bom, já não sou eu apenas; certamente isso serve de consolo.

Talvez não tenhamos sonhos porque não queremos sair da nossa zona de conforto.

Mas precisamos deixar claro o que queremos conquistar. Senão, seguramente vamos acabar adotando como nossos os sonhos que nos apresentarem. Então vamos transformar em nossos desejos uma porção de objetos que o mercado vai dizer que estamos querendo. Como se estivéssemos precisando urgentemente.

Quando nos dermos conta, teremos adquirido uma montanha de porcarias que não conseguem preencher nossos vazios e nos sentiremos frustrados.

Mas não podemos trocar nossos sonhos por coisas. Pois objetos não têm a capacidade de realizar-nos.

Precisamos nos propor a melhores sentimentos, melhores relacionamentos. Pensamentos mais produtivos. Aí corremos o risco de ao final do ano, ao invés de contemplar frustrados uma miniatura sobre a mesa, gozarmos de amizades melhores, de sentimentos mais leves, de encontrarmos a Paz.

Finalmente, é este o meu sonho, terminar o ano em Paz. Só isso.

E o seu? Diz aí.


Áudio: Trabalhos técnicos de Ricardo Lima – RÁDIO UEL.

Acesse outro post da Coluna O COTIDIANO.

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