Eternidade: Substantivo feminino. Atributo do que não tem início ou fim. Existe?
Nem sei se fosse uma flor.
Só um botão a buscar um sol para
desabrochar. Um amor a desfolhar.
De tanto ansiar,
Passou a fugir, quando o garimpou em meio à canalhice rotineira. Seria muito? Seria, talvez.
Fugia em círculos, escondia-se em claros impossíveis.
Rendeu-se. Vestiu a nudez da decisão e entregou-se.
Quase amaram-se.
Era um pouco além o que ocorria, um tanto aquém do que queriam.
Construiu pontes que trouxeram o mundo pro lado de lá, onde estava o coração do botão.
Desabrochou, despetalou-se,
Espalhou mundos em cada uma de suas pétalas.
Viveu mortes diárias de felicidades extasiadas.
Cada dia
Um êxtase.
Sabia que, eterno sendo, não poderia durar.
O perfeito é sempre agonizante. Extasiantes estertores de amantes.
Amaram-se até o dia no qual morreu.
Não ele,
Nem o sentimento.
Ela só.
Um fim cenográfico.
Exangue, de branca palidez.
Nem morte, só uma suspensão.
Um acordar do lado de lá.
Lá se acorda? Como uma já flor que perde a última pétala. Ainda flor,
Sem pétalas de dor. Desprovida de adornos,
Despetaladas pétalas, de corpo.
Ainda sussurrou seu amor,
Juramento de espera,
Semeou esperança.
Movimento de caule, só.
Vou esperar você demorar! Encontro de reencontro marcado.
Desprovido de data, sem lugar, ausentes condicionantes.
Encontro de amor. Só encontro, o reencontro.
Aceno de promessa de que o amor não acaba.
Suspendeu pelo acontecer, sucedido.
Quem amou, não consegue dizer “te amo”. Apequena.
Quem ama,
Não diz. Amor não cabe nos ouvidos.
Tão grande, só entra pelos poros.
Enorme que só cabe no inexistente espaço que resta
Entre dois corações que se abraçam.
Lindo
Ter alguém a esperar doutro lado do dia.
Maravilhoso se espera doutro lado do mundo.
Maior distancia,
Melhor espera. Mais, se aguarda doutro lado da vida.
Nem sei se fosse uma flor.
Era só amor.
Já sem forma, sem norma,
Todacor. Desfolhada, concor. Amor.
Sentimento
Dos pudor despido.
Travestido de encanto, travessura de um abuso em cada abraço.
Cada beijo uma usura.
Inapagável fogo de pagável fulgor.
Não vais entender, se não tiveres amor.
Antes dor.
Assopra teu,
Decerto, amor de morta,
No meu ouvido.
Outro lado da ponte desta vida, nem espera há, para quem lá está
A esperar.
Só o instante.
Apenas o instante, essa eternidade. Nada mais que uma pedra tumular a tapar o Tempo,
Todo o tempo, no tempo.
Seu inexistente tempo.
Áudio: trabalhos técnicos de Elias Vergenes – UEL FM.