Não me apresente a ninguém que eu não conheça.
FAZENDO AMIGOS.
A Nádia está voejando em roda da minha cabeça. Pois insiste que eu vá à festa do sábado. O argumento mais poderoso que a Nádia consegue usar é o de que vou conhecer muita gente. Ela sabe que a parte dos comes e bebes não me convence.
Cara, isso me dá um arrepio. E eu lá estou querendo conhecer alguém?
Pergunto que tipo de gente ela pretende que eu conheça. Oras, humanos, responde.
Pois esse é o pior que existe, o tal do humano. Sabe, vou contar um segredo: melhor mesmo é não se meter com esse tipo de ser.
Afinal, conhecer pessoas é um desrespeito à própria privacidade.
Mas a Nádia não se dá por vencida pela minha vocação a ermitão e passa a elaborar um verdadeiro culto ao desconhecido. Como se alguém, pelo simples fato de ser um estranho, fosse melhor que os outros. Bem, talvez até seja, mas só até você conhecê-lo. Aí vai tudo pra vala comum.
O pior para mim é que me enfiam dentro de suas pupilas e então eu passo a me sentir prisioneiro daquele descarado olhar curioso.
Por fim dou-me por vencido e aceito ir à festa. Mas não assim tão barato. Faço minhas exigências. Afinal sou humano e esse tipo de ser é cruel.
A principal condição é a de que ela prometa não me apresentar ninguém. Ela diz que estou exagerando e faço um acordo:
Não me apresente a ninguém que eu não conheça.
Vá lá, o resto do resto, tudo bem: pode me apresentar todos meus conhecidos. Cada um vai levar um sorriso falso e toda a minha indiferença. Mas se eu não conhecê-lo, nada feito.