Amigo é aquele que dá trabalho, que exige atenção. Amigo bom é o que só vai passando.
MEUS NOVOS AMIGOS.
Muito obrigado, mas eu não quero sair, não estou a fim de diversão, muito menos, quero encontrar pessoas.
É, eu sei. Pode ser que eu tenha algum problema, alguma doença dessas novas, nomeadas por três ou quatro letrinhas.
Acontece que eu tento vencer essa aversão e chamo algum amigo para sair. Eles também não querem. Outro, só aceita conversar no sábado, por puro senso de dever. Ele também não gostaria de programar nada. Eles preferem ser deixados em paz. E eu também!
A questão é que eu sou dos porquês. Preciso deixar claro os motivos para ficar nessa tal de paz.
Chego à conclusão de que os relacionamentos sociais são extenuantes, sugam minhas energias.
Se vou comer na casa do amigo, preciso elogiar aquele prato fantástico que a mulher dele aprendeu fazer. Mas não me acerto com o creme de leite empesteando tudo. Também preciso tomar um vinho excelente, que não sei apreciar. Afinal, prefiro um chá de cidreira.
Não sei se estou disposto a ouvir todos os problemas de trabalho dele, que nos próximos dias nem irá se lembrar das questões dessa semana.
Pois eu já não discuto nada, não discordo e muito menos concordo. Não pergunto detalhes, não tiro conclusões. Não quero saber. O máximo que permito expressar é um meio sorriso. Só metade. Ou um grunhido inexpressivo qualquer.
Porém tem uma história de vida alheia que me interessa. Dedico a ela umas boas horas da minha semana. Sentadinho na poltrona, participo das dificuldades e dos malabarismos da vida do personagem da última série do streaming. Talvez esses personagens, que mudam a cada série, a cada semana, sejam meus verdadeiros novos amigos. Pelo menos não me pedem nenhum sorriso.
