O engano é tal que afinal, nem sei se não estou me enganando.
SORRISO MAROTO.
Às vezes estou andando por aqui ou por ali e me surpreendo com um sorriso enfiado em meu rosto.
Você sabe aquele sorriso maroto? Pois bem, vou contar tudo nos tin-tins.
Quando vejo estou com o rosto parado, sem inclinar nem nada. Os olhos, as sobrancelhas: quietas, sem dizer nada. Tipo túmulo. Mas sem perder o contato visual com a pessoa à frente.
Portanto, não tem essa de mostrar dentes, não. Só os lábios, grudados um no outro. Relaxadinhos, bem normais. O rosto no silêncio. Portanto, não existe nenhum traço de alegria.
Está quase pronto. Agora só falta dar um meio-sorriso. Só um lado da boca apresenta uma suave contração, mansa e delicada.
Consigo montar um sorriso desses tão bem feito que, no final, não é só quem está olhando que fica intrigado. Até eu mesmo fico em dúvida. Não sei se estou de bem com a vida. Sabe, aquela felicidade de estar vivo. Uma gratidão por estar tudo certo. Algo assim.
Ou, por outro lado, se estou mesmo é cheio da falsidade desse mundo.
Áudio: Trabalhos técnicos de Ricardo Lima – RÁDIO UEL.