Uma panela de pipocas

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Apesar de doenças, miséria e guerras, somos povos ditos civilizados.


UMA PANELA DE PIPOCAS.

Preciso confessar que sou muito ingênuo. Pois eu já estava acreditando nos pensadores de plantão que me venderam a ideia de que a humanidade chegou a um período virtuoso. Afinal, seria o fim das doenças, da fome e das guerras.

Mas não durou muito essa conversa. Logo veio a pandemia e nos sentimos na idade média, nos tempos da peste negra. Superamos esse desastre, mas vimos o quanto de obscuridade ainda existe nas pessoas e agora estamos certos de que outra pandemia poderá vir.

Olhe, nem vou falar da fome. Temos comida em demasia e sobram obesos, mas também temos milhões de pessoas abaixo da linha de miséria. Outra decepção.

Ah e a guerra. E as guerras. Pois sempre tínhamos uma guerra para incrementar o telejornal da noite. Agora temos várias, ao mesmo tempo. E, pior, nos ronda o medo de todas as outras que podem começar a qualquer momento.

Então a imagem que me vem é a de uma panela cheia de milho de pipoca, com o fogo acesso sob ela. Daqui a pouco tudo começa a pular e a estourar.

A essa situação toda damos um nome bonito: civilização.

Afinal de contas, apesar das doenças, da miséria e das guerras, somos povos civilizados.

Amém.


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Áudio: Trabalhos técnicos de Ricardo Lima – Rádio UEL.

Acesse AQUI outro post da Coluna O COTIDIANO.

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