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Uma paranóia de insônia

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Foto noturna com lua cheia sobre o lago.

Um tantinho de conversa com quem nos cerca, pode até espantar algum fantasma do nosso cotidiano. E bons sonhos!


UMA PARANÓIA DE INSÔNIA.

O César está um caco de gente. Ou seja, de aspecto cansado, com umas panelas de olheiras. Isso porque todas as noites é acordado por uma voz chamando seu nome.

Pois ele já pensou em todas as possibilidades: alguma alma pedindo ajuda; ou até mesmo o além chamando-o pro lado de lá. Também inventariou os pesos que foram se acumulando na sua consciência. Mas nada fecha essa conta.

Então pergunto se isso tem uma hora definida para ocorrer. Responde que não. Mas que depois de ser acordado pela voz, fica sem engatar o sono novamente.

Tomamos uma bebida e ficamos olhando, eu o vazio à frente, ele o vácuo abaixo, enquanto fica rebombando nos meus ouvidos aquele: César, César.

Nos finais de semana seguintes, a mesma história. Nada mudou nas suas noites.

Sugiro que vá fazer uma caminhada, arejar os ouvidos no burburinho da cidade do fim de tarde. Tomar um ar, como se diz.

Foto noturna de lua cheia sobre o lago.

Ah, mas ontem foi diferente. Pois chegou esbaforido, rindo. Então pediu uma bebida para acompanhar meu queixo caído com a novidade. Está com outros ares, uma disposição inusitada.

Após um tapa dolorido no meu ombro esquerdo, pede outra bebida. O fato é que descobriu a origem da voz.

Agora quem fica espantado sou eu. Até sinto um pelo ou outro eriçado nos braços.

Mas o César conta que, por fim, reclamou do fato à esposa, que já estava preocupada com o estado dele. Ela se pôs a rir e disse para ele parar de roncar. Assim ela para de chamar seu nome, a fim de despertá-lo e poder, ao menos ela, dormir em paz.

Ou seja, tem assombração que é só mesmo falta de conversar um tantinho.


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Áudio: Trabalhos técnicos e paisagem sonora de ——- – Rádio UEL.

Acesse AQUI outro post da Coluna O COTIDIANO.

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