#BrequeDosApps
Entregadores se organizaram e hoje, dia 1º de julho, paralisam o serviço por todo o país, para reivindicar melhores condições de trabalho.
“Dias de chuva, dias que ‘tão’ muito frio, chuva e frio juntos e fome também, né? Porque às vezes a gente fica muitas horas na rua e não tem tempo de voltar pra casa pra comer. Ou às vezes não compensa mesmo. A gente mora longe dos locais que a gente chama de “Áreas Quentes”, que é onde ‘toca’ mais corridas. Acaba demandando muito tempo e o aplicativo tem horários de alta demanda, que a gente tem que tá ali disponível pra aproveitar”. Esse é o depoimento de Rafael Lima, que já perdeu as contas de “quantas vezes teve que levar marmita”. Entretanto, conta que, diferente das empresas, na rua não há microondas para garantir um almoço quente e digno aos entregadores: “A gente leva marmita mas não tem o microondas para poder esquentar como em uma empresa. Então a gente entrega comida quentinha e na hora que a gente vai comer, acaba comendo uma comida fria”.
Segundo Ester Falaschi, psicóloga especialista na área do trabalho e conselheira do Conselho Regional de Psicologia do Paraná, quando o trabalhador que atua “justamente com alimentação”, não tem uma organização trabalhista que o permita sanar uma necessidade básica, “é como se eu tivesse dizendo para este indivíduo que ele não é gente como os demais que ele atende”.
O advogado Wagner Lai destaca: “Independentemente de serem seletistas ou autônomos, regras como alteração do contrato, sistema de pontuação – falho – que acaba gerando injustiça e desequilibrando contrato; e falta de suportes para segurança, são bandeiras legítimas, que precisam ser regulamentadas”.
“Não vamos pedir nada por aplicativo. Se for possível, deleta o aplicativo.” Orienta a entregadora Eduarda Alberto, para os clientes de aplicativos que querem apoiar as reivindicações dos trabalhadores. “Um dia aí tu pediu um lanche? Pega o contato do entregador, vê se ele faz entrega por fora do aplicativo. Nesse dia (01/07) é muito importante que ninguém peça. A gente vai mostrar para esses empresários, esses acionistas, que o dinheiro que eles movimentam, quem faz é nóis!”
Reportagem: Hiury Pereira
Supervisão: Valéria Giani