Uma edição especial do Mundo Sonoro, inspirada pelo 25 de julho, data reconhecida pela ONU como o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. Poderia ser um programa celebrativo, mas a verdade, é que não temos muito o que comemorar. Uma hora só com vozes femininas da América Latina, cantoras e compositoras, que cantam as nossas dores, nossas lutas e atravessamentos.
A viagem começa em Cuba com Cucu Diamantes, com duas músicas do seu disco indicado ao Grammy Latino em 2019. Depois, seguimos para o México com Vivir Quintana, cantora e compositora da canção que que se tornou um hino contra o feminicídio. Ela gravou a música com a chilena Mon Laferte e o coro de mulheres El Palombar. Na Colômbia, reencontramos Andrea Echeverri, que se define uma verdadeira “rockera sudamericana”; em Porto Rico, procuramos a cura com iLe e no Uruguai, com Ana Prada, confessamos pecados (se é que eles existem). Gaby Moreno nos leva para a Guatemala e nos mostra como a suas raízes latinas se misturam com aquelas norte-americanas.
Difícil escolher a voz para representar as brasileiras, uma escolha impossível, mas Marina Peralta me emocionou especialmente cantando sobre a maternidade, uma das facetas mais complexas do ser feminino, com todas as possibilidades. Marina Peralta (na foto) nasceu em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, é cantora, compositora e encontrou no reggae e no rap um terreno fértil para a sua música, com letras que ressaltam o empoderamento das mulheres, a luta por igualdade social e econômica e a situação dos povos indígenas.
Uma das maiores rappers da América Latina, a franco chilena Ana Tijoux, não poderia faltar no programa. Logo em seguida, ouvimos Rebeca Lane, da Guatemala com uma música que fala de situações que toda mulher conhece, fala da raiva que nos atravessa diante das micro violências do dia a dia, do machismo, do assédio nas ruas, da violência verbal, psicológica e física que resultam em episódios de feminicídio. Voltamos para o México com Audry Funk que vem defender o protesto social nas ruas, sempre contra o feminicídio que no seu país, mata em média dez mulheres por dia. Renne GOust também é mexicana e chega para encerrar esse programa com uma música escrita depois de ter sido acusada de ser uma “feminazi” quando publicou um comentário de apoio às mulheres nas redes sociais. Para Renee, e pra mim também, ser chamada de feminista é um motivo de orgulho afinal de contas, significa que acreditamos na igualdade. Confira a lista completa das músicas do programa:
CuCu Diamantes – “Mentiras” (Cuba)
CuCu Diamantes – “Mas Fuerte” (Cuba)
Vivir Quintana feat. Mon Laferte – “Canción Sin Miedo” (México/Chile)
Andrea Echeverri – “Ruiseñora” (Colômbia)
iLe – “Curandera” (Porto Rico)
Ana Prada – “Soy Pecadora” (Uruguai)
Gaby Moreno – “Colibrí” (Guatemala)
Marina Peralta – “Mama Respect” (Brasil)
Ana Tijoux – “Antipatriarca” (Chile)
Rebeca Lane – “Ni una menos” (Guatemala)
Audry Funk feat Zayas – “Sin Retroceder” (México)
Renne Goust – “Querida Muerte (No Nos Maten)” (México
Renee Goust – “La Cumbia Feminazi” (México)