Minha rua é sempre a mesma. Os meus olhos é que voltam outros, diversos.
A RUA MAIS BONITA.
Passei horas revendo fotos das minhas viagens. Resultado da pandemia que contaminou minha liberdade de viajar livremente por aí. Tão livremente quanto o tempo e o dinheiro permitam.
Decidi identificar nas fotos a rua mais bonita do mundo. Bom, primeiro precisamos delimitar o que entendemos por mundo. Pode ser o universo todo, ou somente o planeta Terra, ou apenas o quintal de casa, o nosso pequeno mundinho.
Então deixo claro que não vamos falar de nada além do planeta Terra. Vou deixar de fora também os cinco Estados brasileiros que ainda não conheço e todos os países menos os doze que em que eu já estive.
Sobrou pouco, mas um cadinho pode ser muito. Agora vou decidir qual a rua mais bonita do mundo, do mundo que eu conheço.
Ainda falta definir o que seria uma rua mais linda do que todas. Acho que é a rua onde a lua para um tantinho a mais durante seu viajar pelo firmamento. Uma rua onde o sol goteje mais apaixonado os seus raios. Hum, difícil medir essas paradinhas lunares e essa paixão do sol.
A rua mais bonita do mundo vai ser a rua que eu decidir que seja. Contudo, isso também é difícil. Porto Alegre tem uma rua encantadora. Recife não fica atrás. Em La Paz descendo a pé ou em Lisboa olhando o bondinho… Ah aquela rua de Havana, com sua elegante decadência, adornada por tantos sorrisos amistosos. Aquela descida do pico Agudo no Ceará com o mundo desnudado por todos os lados. A paulista no domingo pela manhã. As pedras de Cusco gemendo ao pôr do sol. As curvas da Santa e Bela Catarina.
Não vou chegar a lugar nenhum. A não ser que a rua mais bonita do mundo seja a rua da minha casa quando eu retorno desses devaneios todos, com a saudade apertando os miolos. A cada vez me parece que é outra rua. Mas ela não muda nunca. Minha rua é sempre a mesma. Os meus olhos é que voltam outros, diversos. Mas sempre se enchem de encanto com esta velha rua da minha casa.
Decidido: eu tenho a rua mais bonita do mundo; do meu mundo.