O sonho com o noninho
Sonhar com o avô pode dizer muito sobre o nosso cotidiano.
Velhas verdades costuradas à mão
As velhas verdades sempre engolem e suplantam as “fake news”, mesmo que o inverso pareça ser o que prevalece.
O homem mais velho do mundo.
Seu Josias não sabe ler papel, mas consegue ler a alma de um vivente.
Pobreza submersa
O apagamento social, também é uma forma de genocídio.
Pasta humana
Somos uma comunidade, ou triturados, seremos apenas uma pasta humana.
Miseráveis em Direito
Qualquer um, só por ser humano, já acha que pode ter direitos?
A rua mais bonita
Minha rua é sempre a mesma. Os meus olhos é que voltam outros, diversos.
Meus novos amigos
Amigo é aquele que dá trabalho, que exige atenção. Amigo bom é o que só vai passando.
A imaginação tem dono
A sua imaginação precisa de atenção, ou alguém vai plantar desejos em você.
A sombra de ninguém
Todos deixaremos algo de herança. Quero deixar meu silêncio. Vou trocar minha vida pela sombra de um ninguém.
O enigma da inutilidade
O enigma é que eu não posso lhe entregar as respostas que você espera; tampouco você quer a pergunta que eu não tenho.
Nervos expostos
Apenas uma cachoeira de instantes desperdiçados na água salgada da semana.
Uma quase ausência
O desespero tomando as rédeas, fazendo vezes de razão e de bom senso.
A fome da caçamba
Nas caçambas de demolição cabe quase tudo, só não cabe mesmo saudades. Pois as caçambas não têm essa sensibilidade.
A mutilação do resedá
Educação que não se dá em casa vira fiasco na rua. A regra é segura, líquida e certa.
Procura-se 18.262 dias
São dezoito mil e tantos dias que o ralo da vida teve a satisfação de engolir.
A língua da velha
Ouvidos quietos dão origem a bocas pobres. Ouvir histórias movimenta a criatividade.
Ninguém quis ver
Uma pitada de violência de gênero, de experiência de pobreza, privilégios e genealogia. Pouca, porque a realidade já contêm o suficiente e ninguém quis ver.
O óbvio sepultado está
Na selva de modismos, esquecemos o óbvio, mas no final o que vai restar é o fundamental, a nossa humanidade.
Frutas da estação … rodoviária
A ideia é a de uma vida mais saudável. Vou me alimentar de pensamentos: só bons pensamentos.
O chap-chap no assoalho
A imaginação vai criando expedientes para reviver as pessoas queridas que perdemos pelo caminho.
Corre-corre
As crianças querem brincar, nós adultos é que já não queremos nos incomodar com um tempo de qualidade para elas.
Um amontoado de carnes
Mesmo que não tenhamos respeito pela vida, a morte ainda desfruta deste olhar atento.
A força da suavidade
“E hás de adormecer nos meus joelhos… E os meus dedos enrugados, velhos, Hão de fazer-se leves e suaves…”