Sede de ignorâncias

Foto interna de residência do interior do Ceará.

Um velho não pode se dar ao requinte e ao prazer da ignorância. No instante final, será o desejo de inocência a fechar-nos os olhos.

Viajo porque preciso

Fui…. ou já estou voltando? Será que adianta acelerar, ou dá na mesma? É a barulheira, a ronqueira do motor já quente assoprando a estrada.

Inútil estampido

O desagradável do suicídio é que o corpo nunca tomba numa posição decente; já avisaram!

O desenho da realidade

Nossa cabeça é formada pelo que vemos, lemos e ouvimos. Mas quem é mesmo que está costurando nossas ideias?

Diferente, mas igual

Foto de três galinhas de angola de argila, pintadas, de diferentes tamanhos.

Antes de nos afastarmos pelas diferenças, podemos nos aproximar por nossas semelhanças.

Civilização pálida

Foto de pintura em mural, autoria de Adilson, de Promissão SP.

Vivo numa civilização pálida, onde a única forma de parecer sadio é estando mesmo enfermo.

Coisa de passarinhos

Mesmo uma simples palavra tem o dom de encantar e até mudar o destino de um vivente.

Maria Cândida

Dinha que é mulher disposta! É tão ativa, tão decidida, que nem se move. Sempre a recuperar seus fôlegos todos.

SUSSURROS DO PÓ

Foto de escultura em tronco de árvore. Morro de São Paulo, Bahia.

“Ame o que quer que flua. Fumaça da cozinha, sangue de mulher, lágrimas. Você ouve o que estou dizendo?”

Sobre troncos e seus brotos.

Uma humanidade de muitas famílias com poucos filhos cria uma sociedade com indivíduos mais diversos e variação genética e comportamental.

Umas inteligências

Detalhe da pintura A Visita Dos Ancestrais, de Jaider Esbell.

Dizem que a inteligência artificial vai governar nossas vidas. E então alguma inteligência vai nos chefiar.

A caminho do lado de lá

A morte é certa e não sabemos o que vamos encontrar, mas cada qual vai inventando uma forma de se preparar.

Cisgênero alfa

grafite do acervo do FAMA, Itu-SP

Todos têm direito ao respeito. A violência contra o diferente é fruto do desconhecimento e da ignorância.

Vítima não tem culpa

O primeiro passo para tentar modificar um cenário ruim, afinal de contas, é entendê-lo.

Eternidade transitória

Eternidade: Substantivo feminino. Atributo do que não tem início ou fim. Existe? Nem sei se fosse uma flor. Só um botão a buscar um sol para desabrochar. Um amor a desfolhar. De tanto ansiar, Passou a fugir, quando o garimpou em meio à canalhice rotineira. Seria muito? Seria, talvez. Fugia em círculos, escondia-se em claros […]

A queda do céu

Foto de David Kopenwa e Nilson Giraldi, São Paulo, 2019.

Temos também isso a aprender com os nossos irmãos das florestas: como manter o céu lá em cima, límpido e celeste.

Os despojos de um sem pai

Foto de cão deitado na rua.

O choro copioso pelo desamparo de ser um sem pai, pela primeira vez na vida; amenizado por um afago filial.

O sonho do regato

Foto de rio em área de cachoeiras.

É romper o dique, movimentar os sonhos, as alegrias de deixar rolar a vida rio abaixo, até as nuvens: destino de todos os rios.

As linhas do algoritmo

Foto da obra Interlúdio, Aya Studio x Wesley Lee, 2019. Instalação fotografada no Farol Santander em set.19, São Paulo, SP.

Aos poucos a tecnologia vai nos substituindo, nos tornando obsoletos, desnecessários. Mas gosto, ou não gosto da ideia?

A recadeira dos falecidos

O céu finalmente parou a eterna cantoria por umas horas. Pra lá só vai pecado, boas ações e o que o finado puder lembrar.

Uma paranóia de insônia

Foto noturna com lua cheia sobre o lago.

Um tantinho de conversa com quem nos cerca, pode até espantar algum fantasma do nosso cotidiano. E bons sonhos!

Acabou o prazer

Foto de entalhe em madeira pintado, contendo flores e dorso de mulheres em relevo.

Sempre existiu um movimento para acabar com tudo o que dá prazer. Uma valorização do sofrer e do penar. Dá pra fugir disso?