Sede de ignorâncias
Um velho não pode se dar ao requinte e ao prazer da ignorância. No instante final, será o desejo de inocência a fechar-nos os olhos.
Viajo porque preciso
Fui…. ou já estou voltando? Será que adianta acelerar, ou dá na mesma? É a barulheira, a ronqueira do motor já quente assoprando a estrada.
Inútil estampido
O desagradável do suicídio é que o corpo nunca tomba numa posição decente; já avisaram!
O desenho da realidade
Nossa cabeça é formada pelo que vemos, lemos e ouvimos. Mas quem é mesmo que está costurando nossas ideias?
Diferente, mas igual
Antes de nos afastarmos pelas diferenças, podemos nos aproximar por nossas semelhanças.
Civilização pálida
Vivo numa civilização pálida, onde a única forma de parecer sadio é estando mesmo enfermo.
Coisa de passarinhos
Mesmo uma simples palavra tem o dom de encantar e até mudar o destino de um vivente.
Maria Cândida
Dinha que é mulher disposta! É tão ativa, tão decidida, que nem se move. Sempre a recuperar seus fôlegos todos.
SUSSURROS DO PÓ
“Ame o que quer que flua. Fumaça da cozinha, sangue de mulher, lágrimas. Você ouve o que estou dizendo?”
Sobre troncos e seus brotos.
Uma humanidade de muitas famílias com poucos filhos cria uma sociedade com indivíduos mais diversos e variação genética e comportamental.
Umas inteligências
Dizem que a inteligência artificial vai governar nossas vidas. E então alguma inteligência vai nos chefiar.
A caminho do lado de lá
A morte é certa e não sabemos o que vamos encontrar, mas cada qual vai inventando uma forma de se preparar.
Cisgênero alfa
Todos têm direito ao respeito. A violência contra o diferente é fruto do desconhecimento e da ignorância.
Vítima não tem culpa
O primeiro passo para tentar modificar um cenário ruim, afinal de contas, é entendê-lo.
Eternidade transitória
Eternidade: Substantivo feminino. Atributo do que não tem início ou fim. Existe? Nem sei se fosse uma flor. Só um botão a buscar um sol para desabrochar. Um amor a desfolhar. De tanto ansiar, Passou a fugir, quando o garimpou em meio à canalhice rotineira. Seria muito? Seria, talvez. Fugia em círculos, escondia-se em claros […]
Um brasileiro parido na África
Tão brasileiro quanto uma jabuticaba, só um muxoxo.
A queda do céu
Temos também isso a aprender com os nossos irmãos das florestas: como manter o céu lá em cima, límpido e celeste.
Os despojos de um sem pai
O choro copioso pelo desamparo de ser um sem pai, pela primeira vez na vida; amenizado por um afago filial.
O sonho do regato
É romper o dique, movimentar os sonhos, as alegrias de deixar rolar a vida rio abaixo, até as nuvens: destino de todos os rios.
A cada dia a sua cota de vendas
A cada dia vou vendendo um pouco de mim, esfarelando pela estrada, na passagem de instantes que não me pertencem.
As linhas do algoritmo
Aos poucos a tecnologia vai nos substituindo, nos tornando obsoletos, desnecessários. Mas gosto, ou não gosto da ideia?
A recadeira dos falecidos
O céu finalmente parou a eterna cantoria por umas horas. Pra lá só vai pecado, boas ações e o que o finado puder lembrar.
Uma paranóia de insônia
Um tantinho de conversa com quem nos cerca, pode até espantar algum fantasma do nosso cotidiano. E bons sonhos!
Acabou o prazer
Sempre existiu um movimento para acabar com tudo o que dá prazer. Uma valorização do sofrer e do penar. Dá pra fugir disso?